“Nos interessamos por uma questão clássica, que filósofos e psicólogos discutem há anos: por que achamos que a essência de uma pessoa está em seu corpo? Para estudar isso cientificamente, usamos truques que enganam a percepção”, afirmou Henrik Ehrsson, líder do projeto.
Voluntário
O repórter Karl Ritter, da agência de notícias Associated Press, fez o teste para entender “na pele” o que o especialista falava. Em um experimento, um manequim que usava óculos com função de câmera filmava seu próprio corpo. O repórter, também usando um capacete especial, olhava para baixo e via as filmagens feita pelo manequim – com isso, tinha a sensação de que o corpo de plástico que via era o seu.
“Nesse momento, não parecia muito real. Mas isso mudou quando alguém passou uma caneta, simultaneamente, na minha barriga e na do manequim. Conforme meu cérebro processava os sinais visuais e táteis, aumentava a impressão de que o corpo dele era o meu”, disse Ritter.
“Estava divertido, até que a lâmina de uma faca de cozinha entrou no meu campo de visão. Ela foi colocada contra a barriga do boneco, me dando um arrepio na espinha e aumentando meu nível de ansiedade, como mostraram os eletrodos presos ao meu dedo indicador”, continuou o repórter.
Valeria Petkova, especialista ligada ao projeto, afirma que de 70% a 80% dos voluntários vivenciam a ilusão de maneira muito forte. “Aparentemente, estou entre essas pessoas”, disse o voluntário.
A demonstração exemplifica os testes feitos com 87 voluntários – o resultado do estudo foi publicado no “Journal of the Public Library of Science”. As conclusões indicam que, sob certas condições, uma pessoa pode perceber o corpo de outra como sendo o seu. Isso mesmo quando o outro corpo é artificial ou de alguém do sexo oposto.
Para Ehrsson, as descobertas podem ser usadas em pesquisas sobre problemas envolvendo a imagem corporal: como as pessoas ficam satisfeitas ou insatisfeitas com seus corpos, por exemplo. Outra possibilidade é o desenvolvimento de versões mais avançadas de jogos como o “Second Life”. “Isso pode facilitar a criação de aplicações de realidade virtual em games, onde os jogadores poderão ter experiências realistas com seus avatares”, disse.
Fonte: Portal G1
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